quarta-feira, 26 de abril de 2017

Laços - R.D. Laing (continuação nº 1)

Continuação...
Laços - R.D.Laing

....
Há alguma coisa que não sei
o que pelo visto eu deveria saber.
Finge então que está sabendo de tudo!
Mas eu me sinto cansada, porque eu não sei
o que devo fingir que estou sabendo.
Eu acho que sei o que pelo visto voce deveria saber.
Voce age igualzinho a nossa mãe.
Voce não reconhece nunca as nossas qualidades
e nem suporta a idéia de reconhecê-las.
Algo de errado deve haver comigo, porque eu
não acho que algo de errado deve haver comigo.
Pela primeira vez admites
um sentimento de inadequação.
Nunca houve nem nunca haverá
nada dentro de voces.
E voce não para com essa mania de projeção.
Quanto mais medo voces tem,
menos medo voces mostram.
A gente é o espelho deformante da gente mesmo.
Quanto mais má a gente é, menos má a gente se acha.
Eu sou boa porque eu me acho boa.
Voce é um pé no saco.
..
Voce é cruel por me fazer pensar que eu sou má.
Voce é cruel por pensar que sou cruel por fazer voce se acha cruel.
...
Um! Dois! Três! Quatro! Cinco!
Seis! Sete! Oito!Nove! Dez!
Somos criaturas estranhas distantes umas das outras e do mundo material
e espiritual, e até mesmo loucas do ponto de vista ideal, que nós vislumbramos...
mas não adotamos.
....Palavras não passam de um dedo
apontado para a Lua.
A sociedade educa as crianças de modo a deformá-las,
tornando-as absurdas.. sendo assim, normais!

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A peça teatral dirigida por Odavlas Petti, em 1983, um espetáculo bem reichiano
com palavras cruas e gestual chocante... abalando todo estabelecido social... nos fazendo
repensar a educação, os relacionamentos de toda ordem, o perverso no outro e em nós.

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